Enquanto não falo sobre Responsabilidade Social, que seria a minha próxima matéria, vamos falar um pouco sobre essa moda horrível, que se espalha como um vírus... Gerúndio.
Como em muitas coisas na vida, não poderia ser diferente, na língua portuguesa também existe o modismo. Depois de algum tempo vira uma coisa cafona. Então, como tudo que é cafona, sai de moda, vamos fazer com que o nosso vocabulário fique na moda novamente.
O campeão!
Por favor, políticos, grandes empresários, pessoas inteligentes, não usem mais isso!!! É cafona demais!!!
“A situação do engenheiro já está resolvida a nível de empresa.”
Sejamos sinceros... “a nível de” está morto e enterrado. Infelizmente estamos enganados. À vezes, ele reaparece, principalmente entre executivos que o utilizam com pose e ar de superioridade, como se estivessem usando alguma expressão que comprovaria o quanto estão atualizados e a sua enorme capacidade intelectual. É uma confonisse!!!
“Vamos estar resolvendo seu problema hoje à tarde”.
Nós sabemos que brasileiro adoram o gerúndio, mas não vamos exagerar! Esse “gerundismo futuro”, provavelmente de influência inglesa (que por sinal eles usam muito!), outra cafonisse! “Vamos estar retornando”, “vamos estar enviando”, “vamos estar depositando”… Simplificando: “retornaremos ou vamos retornar”, “enviaremos”, “depositaremos” e, graças a Deus, “resolveremos seu problema hoje à tarde”.
Vamos EVITAR o gerúndio para indicar ações futuras:
“Vou estar depositando o seu salário hoje à tarde”;
“O Instituto vai estar realizando um seminário sobre Gestão pela Qualidade no próximo mês”;
“Na próxima quarta-feira, ele vai estar fazendo três anos de empresa”.
São frases mal feitas. Não precisa ser usado o gerúndio (depositando, realizando, fazendo). A ação está no futuro. Vamos dizer: “Vou depositar (ou depositarei)…”; “O Instituto vai realizar (ou realizará)…”; “…ele vai fazer (ou fará)…”
Alguns empregos do gerúndio devem ser evitados:
1) Quando as ações expressas pelos dois verbos - gerúndio e verbo principal - não puderem ser simultâneas:
Chegou sentando-se. Ou Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro, estudando com um amigo padre na infância.
2) Quando o gerúndio expressa qualidades e não comporta a idéia decontemporaneidade:
Vi um jardim florescendo.
3) Quando a ação expressa pelo gerúndio é posterior à do verbo principal:
O assaltante fugiu, sendo detido duas horas depois.
Seria melhor dizer: O assaltante fugiu e foi detido duas horas depois.
4) Quando o gerúndio, copiando construção francesa (galicismo), passa a ter valor puramente adjetivo:
Viu uma caixa contendo…
A construção mais adequada seria: Viu uma caixa que continha…”
É interessante lembrar que o pior gerúndio é aquele que gera ambigüidade, ou seja, pode causar várias interpretações:
1. “A mãe encontrou o filho chorando.”
(Quem estava chorando? A mãe ou o filho?)
2. “Ônibus atropela criança subindo a calçada.”
(O ônibus subiu a calçada e atropelou a criança ou o ônibus atropelou a criança no momento em que ela subia a calçada?)
Bom, já que somos pessoas inteligentes e atualizadas, vamos tirar essa coisa démodé (no português demodê) do nosso dia-a-dia.
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