sábado, 10 de maio de 2008

Depende de como se vê as coisas...


Certo dia, um grande empresário levou seu filho até um lugarejo, com o propósito de mostrar quanto as pessoas podem ser pobres.
O objetivo era convencer o filho da necessidade de valorizar os bens materiais que possuía, o status, o prestígio social; queria desde cedo passar esses valores para o herdeiro.
Ficaram um dia e uma noite numa pequena casa de taipa, de um morador da fazenda de seu primo...
Quando retornavam, o pai perguntou ao filho:
- E aí, filhão, como foi a viagem para você?
- Muito boa, papai, respondeu o pequeno.
- Você viu a diferença entre viver com riqueza e viver na pobreza?
- Sim pai! Retrucou o filho, pensativamente.
- E o que você aprendeu, com tudo o que viu nesses dias, naquele lugar tão paupérrimo?
- É pai! Eu vi que nós temos só um cachorro em casa, eles têm quatro. Nós temos uma piscina que alcança o meio do jardim, eles têm um riacho que não tem fim. Nós temos uma varanda coberta e iluminada com lâmpadas fluorescentes e eles têm as estrelas e a lua no céu. Nosso quintal vai até o portão e eles têm uma floresta inteirinha. Nós temos alguns canários na gaiola, eles têm todas as aves que a natureza lhes oferece, soltas!
O filho suspirou e continuou:
- Além do mais, papai, observei que eles rezam antes de qualquer refeição, enquanto nós sentamos à mesa falando de negócios, dólares, eventos sociais, comemos, empurramos o prato e pronto!
No quarto onde fui dormir com o Tonho, passei vergonha, pois não sabia sequer orar, enquanto ele se ajoelhou e agradeceu a Deus por tudo, inclusive pela nossa visita. Lá em casa, vamos para o quarto, deitamos, assistimos televisão e dormimos.
Outra coisa, papai, dormi na rede do Tonho, e ele dormiu no chão, pois não havia duas redes. Na nossa casa colocamos a empregada para dormir naquele quarto onde guardamos entulhos, sem nenhum conforto, apesar de termos camas macias e cheirosas sobrando.
Conforme o pequeno garoto falava, seu pai ficava estupefato, sem graça e envergonhado.
O filho, na sua sábia ingenuidade e no seu brilhante desabafo, levantou-se, abraçou o pai e ainda acrescentou:
- Obrigado, papai, por me mostrar o quanto nós somos pobres!
Não é o status social que irá determinar a nossa felicidade, mas o modo como valorizamos o que somos e o que possuímos. Se temos amor e vivemos com dignidade, cultivamos atitudes positivas e partilhamos com benevolência nossas coisas, então temos tudo!

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